14 fevereiro, 2020

77. now I have finally realized

às vezes é preciso beijar o cara errado pra saber qual é o certo. foi isso, acho. eu beijei. talvez tentando esquecer você, talvez fingindo que já tinha esquecido. a coisa toda de seguir em frente porque não era pra ser, mas se era um erro, por que continuo aqui escrevendo? acho que não acredito nisso de que não era pra ser, afinal. as coisas acontecem como a gente quer. a gente é quem manda. nisso sim, eu ponho minhas crenças. é bobo imaginar um reencontro e dançar lento com aquela música do vídeo que fizemos? nem sei quantas vezes pensei nisso. 
fico esperando o tempo passar, a gente amadurecer. tomar o tempo que precisamos pra crescer. os dois. descobrir quem somos, o que queremos fazer e o que precisamos ser, por nós mesmos. mas a verdade é que já te vi amadurecer. desde o primeiro dia, o primeiro ano. em todos os reencontros e desencontros, te vi amadurecer um pouco mais. em todos os momentos que tivemos juntos, notei que você mudava e amadurecia. quando vi sua família, vi como era forte. vi o pequeno de quem precisava cuidar, vi a moral que queria manter. vi você continuar cuidando dele e vi você querendo jogar essa moral no lixo. fazer o que queria. isso eu admirava, mas não sabia. acho que colocava uma venda nos olhos por medo de ver e depois acabar sofrendo. mas nenhum dos dois teve realmente o coração partido em milhões de pedacinhos pelo outro. e mesmo assim a gente se afasta. mas como eu dizia, eu admirava você querer fazer o que bem entendia e seguir seus sonhos. talvez porque eu não acreditava muito nos meus. mas você sempre dava um jeito de me incentivar, mesmo que indiretamente, dizendo que eu era boa naquilo e devia investir. eu só ria, sempre. eu não entendia totalmente, acho, que você me apoiaria totalmente e não falava só por falar. mesmo porque você sempre foi inspiração de incontáveis escritos meus. acho que eu devia ter te apoiado enquanto crescia e ter voado com você. até porque ser pé no chão é bom, mas não ser enraizada.
bobeira escrever cartas de amor. mas eu escrevia sem medo, e com o passar do tempo deixei ele me tomar. pensava que tava sendo boba, mas acho que por ora esqueci que o amor nos deixa ridículos. por isso escrevo agora, sabendo que talvez nunca chegue a ti. sabendo que talvez não envie diretamente, esperando que algum dia você leia por aí e atinja seu coração, sabendo que é pra você. espero por isso pelo que eu disse no começo. beijei pensando que assim destruiria na mente o pensamento que formava a sua imagem, mas o sentimento não saía do meu coração. fiquei surpresa por ter descoberto ali que eu queria que fosse a sua boca, e não nenhuma outra. tentei e tentei, mas isso só me levou à conclusão, talvez inevitável, que cheguei. o amor tá fincado em mim desde o primeiro encontro, desde o sol nos olhos enquanto sentávamos embaixo da árvore, desde a partida difícil mais de sete da noite, quando não queríamos nos deixar ir e ficávamos olhando pra trás até estarmos longe o bastante pra ir pra casa - e não adianta eu querer dar meu coração pra outra pessoa. entendo isso agora. então decidi nem tentar mais. vou esperar. ver no que vai dar, porque agora eu sei da verdade. as piadas de outra pessoa com minha mãe, mas o resultado delas não traz a sua risada. aquela com aquele barulho confuso antes. alguém vendo futebol com meu pai, mas quando eu chego na sala, não é você que vejo sentado no sofá. é. não parece certo. pra mim não faz sentido ter todos esses momentos onde você não tá. é esquisito porque não é certo.
a gente perdeu tempo demais pensando no depois, mas continuo aqui. cê sabe onde.

Nenhum comentário

Postar um comentário