18 janeiro, 2020

76.

não sei, acho que te amo. aqui me pego escrevendo uma carta. cartas que muito trocamos mesmo com o tanto que mudamos. acho que essa é uma forma de deixar registrado com gosto nosso amor. ao passo que um escreve e o outro lê, cada palavra mostra que não existe rancor. tentamos seguir outros destinos, e sempre acabamos vendo que todos os caminhos nos levam um ao outro. sei lá se foi escrito nas estrelas, sei lá se acredito nisso. mas sei que desde o primeiro momento, o primeiro cumprimento, passamos a ser. ser junto mesmo separado. ser um do outro mesmo longe, e mais ainda quando estamos perto. é a capacidade que você tem de tocar instrumentos, que sinceramente compensa a sua falta de talento pra cartas. mas acho que nunca me importei mesmo por você não saber rimar, sei que escreve querendo me mostrar o amor. um amor que ainda tá aqui, mesmo que de certa forma ausente. isso tudo me fez querer escrever. pra lembrar, falar, declarar. deve ser o jeito que te vi amadurecer ou essa sua capacidade de urso de proteção. de cuidado. o jeito que ri despreocupado. ou seu cabelo desarrumado. o fato de que no que diz respeito à você, nunca consigo não rimar. talvez o jeito que concordamos em discordar. sempre foi gostoso isso de ser incompatível ao mesmo tempo que pegamos costumes um do outro. sua risada hesitante ou barulhos que faz antes de falar e que até hoje não sei o que significam mas sei que mexem comigo. você mexe comigo. tudo isso que te faz, me faz não querer ninguém mais. então é, não sei, mesmo, mas sei mesmo que te amo.

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